A vivência do sagrado em Bom Jesus da Lapa se configura como um verdadeiro tesouro da fé. Nesse sentido, a Igreja da Lapa é o símbolo maior dessa riqueza. O lugar é pontuado por arte, ritos, música e beleza em toda a sua estrutura.
Por esse misto de pedra e luz que compõe a Igreja da Lapa, passam toda sorte de pessoas, peregrinos, moradores da cidade, estrangeiros, o homem do campo, o homem urbano: irmanados em situações comuns a todos, circunstâncias da vida que entrelaçam elementos como doença, amor, tristeza, desejos e esperança.

É um espaço efetivamente especial, rico em transcendência espiritual. Nessa perspectiva, quem visita a Igreja da Lapa considera o morro e as grutas ambientes cosmológicos, onde o sobrenatural aflora – uma espécie de passaporte para uma dimensão diferente, mais profunda.
Para os visitantes, é na Igreja da Lapa que os milagres podem se concretizar. Assim, as rochas que nela existem não são apenas pedras: tudo é luz, imagem, insígnia, pois lá acontece uma viagem reflexiva, uma introspecção que enseja uma conversa íntima com Deus.
É o momento de sentir a atmosfera religiosa, orar em voz baixa, estender as mãos, fechar os olhos e se transportar a outra realidade, sensível ao coração.
O trecho da música de Betinho, “A Igreja da Lapa foi feita de pedra e luz”, é cantada por todos os fiéis que visitam Bom Jesus da Lapa. “Já Cumpri Minha Promessa“, música do mesmo autor, reflete muito bem a fé do romeiro. Outra música que faz parte da vida de todo romeiro, tocada em todo cantinho de Bom Jesus da Lapa, especialmente nas romarias é “Romeiro de todo ano”, cantada por Edigar Mão Branca.

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SUMÁRIO
Um teto bordado pela Natureza
A entrada da Igreja da Lapa se dá do lado poente. Internamente ela dispõe de um vasto salão de 38m², com um altar dourado do Bom Jesus da Lapa. O teto, qual bordado tecido pela natureza, é entremeado de sulcos de calcita cristalizada.
Logo ao lado direito, fica a Gruta do Santíssimo Sacramento, que abriga a hóstia e o vinho – símbolos do corpo e sangue de Jesus Cristo.
Na parte esquerda, na Gruta da Onça, podem ser contempladas estalagmites (formações decorrentes do gotejamento de água das fendas das paredes das cavernas), de até 1,10 m de altura com 1,60m de circunferência, perfeitas, sendo uma delas utilizada como Pia Batismal, desde 1936.
Acrescente-se a esse bonito conjunto, um autêntico Monte Calvário, em cuja abertura o monge Francisco Mendonça Mar colocou o crucifixo que trazia, com dimensões proporcionais a ele.

Trata-se da imagem do Senhor Bom Jesus Crucificado, mas, conforme apontam os historiadores, ela não é a originária transportada pelo monge, que se alojou na gruta no final do século XVII. Conta-se que essa foi destruída por um incêndio em 1903, de modo que foi necessário proceder com a substituição.
A incomum pedra que repercute
Em um canto, é possível ver o fonólito (do grego: φωνή ‚som’, λίθος ‚pedra’, literalmente pedra do som, por ressoar quando percutida; uma rocha vulcânica pouco comum), que serve de sino. Ele é capaz de produz cinco ou seis sons distintos e bastante agradáveis.
Milhares de turistas sobem o morro da Lapa para bater na Pedra do Sino com um fragmento rochoso. Eles creem realmente que poderão morrer em breve, caso a pedra não emita o barulho esperado. Outros, mais supersticiosos, temem fazer atrito na citada rocha.
A Pedra do Sino na Igreja da Lapa é respeitada por muitos romeiros que a consideram um componente importante em seu roteiro de devoção. Bater nela é, para alguns peregrinos, uma obrigação igual a visitar as grutas ou assistir às missas, pois é uma ponte eficaz entre o mundo real e o sensível.
Confira o vídeo a seguir com a reprodução do som repercutindo na pedra:

Tudo é sagrado na Igreja da Lapa
A água, as imagens e os ícones que expressam o sacrifício de Jesus Cristo pela humanidade, que se encontram na Igreja da Lapa, são igualmente considerados sagrados. É costume dos fiéis, por exemplo, encostarem as mãos na Pia Batismal.
A peça carrega uma série de significados – para muitos é cheia de energia, capaz de fazer, inclusive, com que pessoas consideradas pagãs se tornem católicas.
A água que se infiltra na estrutura calcária e brota em alguns locais, como na Gruta dos Mártires e no corredor entre a Gruta do Bom Jesus e a da Soledade, também é contemplada de um ponto de vista especial, repleto de subjetividade.

As pessoas passam essa água no corpo, molham a cabeça dos familiares e dos amigos, levam-na para casa em vasilhames. Para elas, a propriedade curativa e extraordinária dessa água está no fato de ela minar da rocha no lugar sagrado.
Nem toda água que brota das pedras pode ser milagrosa, mas essa, passível de alimentar a alma e o corpo físico, é portadora de todo um conceito de mistério e sacralidade.
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A casa dos milagres: uma prova de gratidão
Na chamada gruta dos milagres, também denominada sala dos milagres ou das promessas, figuram as provas das graças recebidas, os ex-votos de agradecimento.
No horário previsto para a visita, dezenas de pessoas, entre curiosos e pagadores de promessas, tomam completamente o lugar. A sala dos milagres da Igreja da Lapa é a mais frequentada e a que possui mais documentos ex-votivos no Estado da Bahia.
A sala acolhe justamente aqueles objetos destinados ao testemunho do milagre conquistado ou à intenção de que ele de fato aconteça. Ou seja, nela ocorre a comunicação entre os fiéis, os expectadores e o ente superior. É onde as emoções podem ser extravasadas e os sentimentos desnudados.

Ela fica situada na gruta da Soledade, entre duas outras pequenas e estreitas grutas, a de Santa Luzia e a de São Geraldo. É um espaço de consagração e fé, onde cada um tem a oportunidade de ofertar seus objetos aos santos e rezar, no cumprimento de suas promessas e no pedido fervoroso de milagres.
Nossa Senhora em luz e imagem
Um outro elemento observado pelos romeiros, relaciona-se à luz e à imagem de Nossa Senhora, visualizadas nas estrias rochosas. Na década de 1960, foi construído um corredor, por meio de explosivos, com o objetivo de ligar a Gruta do Bom Jesus à Gruta da Soledade.
Através dessa abrupta fenda, feita na rocha calcária, dá para ver pequenos cristais, quando se olha atentamente e bem próximo à pedra. Então, a partir dos anos 1970, essas nervuras brilhantes começaram a povoar o imaginário dos romeiros, qual um enigma sugerido pela natureza.
Eles afirmam que, ao olharem concentradamente e bem de perto, veem uma luz, uma santa ou uma mulher, como certa vez contou uma romeira.
A Igreja da Lapa: um abrigo da fé
Pode-se concluir que cada experiência dentro da Igreja da Lapa é individual e fértil, tanto na dimensão religiosa como no que trata dos costumes populares.
A permanência dos romeiros, curiosos e turistas nas proximidades da Igreja alimenta um cotidiano dinâmico que integra vários relatos: são narrativas de quem busca enxergar um outro plano no campo do existir.
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